sexta-feira, 4 de março de 2011

Matéria do mês

Informativo aos pais

“Mordida entre amigos”

"Este é certamente um dos maiores temores de mães com filhos em berçários e escolas de Educação Infantil. Claro, ninguém gosta de ver aqueles sinais doloridos na pele de seu filho. Mas, como é uma fase natural, é preciso entender o que isso significa.
Antes de tudo, é preciso considerar que para a criança a mordida não é uma arma, como seria para um adulto. É antes, uma forma de expressão. Desde que o bebê nasce, é pela boca que ele percebe o mundo. Não apenas pelo ato de sucção e das mamadas, mas pelo choro, pelo riso, pelo balbuciar. À medida que cresce e com o surgimento dos dentes, esse processo continua, e morder também passa a ser uma forma de interagir com o mundo, de perceber a consistência de um objeto e também de provocar reações. As crianças nesta fase oral ainda não verbalizam com fluência e a linguagem do corpo acaba sendo mais eficaz. Nesta fase ela é egocêntrica, imaginando que o mundo funciona e existe por causa dela. Portanto, em sua concepção, tudo o que deseja deve ser prontamente atendido e, quando isso não acontece, gera os chamados "conflitos sociais". Para compreender as mordidas, é necessário levar em conta o contexto em que ocorrem. Geralmente, estão associadas ao sentimento de contrariedade, de frustração, de ansiedade, de raiva, de ciúmes, de busca de atenção. Praticamente, toda criança entre um e três anos lançará mão desse recurso...
Seja qual for a causa, é importante não taxar a criança de mordedora, porque isso vai gerar a expectativa de que ela volte a morder, o que pode realmente levá-la a mais mordidas. O melhor é tratar o fato com tranqüilidade, e mostrar à criança que o que ela faz provoca dor, machuca. E, além disso, ensinar que existem outras formas de expressar seus sentimentos.
A passagem da fase acontece de forma gradativa, quando a criança sai do egocentrismo e começa a descobrir o prazer de brincar com o outro, quando se inicia o processo efetivo de socialização. Conforme as crianças crescem, elas aprendem a controlar suas emoções e a se expressar através da fala, deixando a mordida de lado. É importante, que tanto a escola, quanto os pais saibam usar este momento para ensinar à criança as regras de convivência.
Elas não sabem que a mordida dói e não consegue ainda projetar o que o outro está sentindo.
As crianças são o centro das atenções em suas famílias, na escola essa atenção tem que ser dividida. Que tal dar uma mordidinha para prestarem atenção em mim, mesmo que seja uma atenção “negativa”. E é obvio que sempre vai ter aquele amigão que imita tudo, e por imitação vai acabar mordendo também! Temos sempre que lembrar que crescer é bem “cansativo”para nossos pequenos.
Você já parou para pensar a tonelada de informações, mudanças no corpo, dores, sentimentos, pessoas, enfim tudo o que eles estão conhecendo? As vezes a mordida é o meio deles dizerem que estão sobrecarregados, cansados, estressados, frustrados e como eles ainda não aprenderam a verbalizar tudo isso, é mais fácil e rápido canalizar esses sentimentos com uma mordida! É rápido e fácil! E não adianta ficar perguntando o porque, pois eles ainda não sabem expressar ou identificar e verbalizar o que sentem. Então cabe a nós, adultos, conduzir nossos pequenos a essa e outras muitas mudança que ainda terão, pois em cada idade, em cada fase, uma nova reação há de acontecer, e ao julgar ou criticar o amiguinho que por ventura venha morder ou bater, só estamos dando ênfase a parte negativa e esquecendo que são crianças e amanhã podem ser os nossos que estarão em situação adversas aos nossos conceitos".

Baseado no texto "Mordidas: agressividade ou aprendizagem?" de Ana Maria Mello e Telma Vitória.

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